Análise: Adversário do Brasil, Haiti volta à Copa do Mundo após 52 anos em meio à escalada de violência no país

 

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Após estrear na Copa do Mundo contra Marrocos, o Brasil enfrentará o Haiti na segunda rodada. Apesar de comemorar o retorno ao Mundial após 52 anos de espera, a tendência é que o time caribenho seja o "saco de pancadas" do grupo C.

Nas Eliminatórias da Concacaf, o desempenho da seleção de Haiti até foi positivo. Na segunda fase, o time avançou na segunda colocação do grupo C, com três vitórias e uma derrota para Curaçao, que ficou em primeiro. Já na terceira e decisiva, superou equipes mais tradicionais como Costa Rica e Honduras, além da Nicarágua, para ser campeã com 11 pontos (três vitórias, dois empates e uma derrota) de seu grupo e garantir a vaga na Copa do Mundo.

Em 2025, o Haiti entrou em campo 12 vezes, com cinco vitórias, quatro derrotas e três empates.

O principal destaque da seleção do Haiti é o centroavantes francês naturalizado haitiano Duckens Nazon, de 31 anos. Formado em clubes da França e da Inglaterra — em especial o Wolverhampton, da Premier League —, Nazon atua no Esteghlal Tehran, do Irã. O atacante marcou seis gols e deu duas assistências nas Eliminatórias. Curiosamente, em quatro das seis vezes que o camisa 9 balançou as redes ele havia entrado do banco de reservas.

Além disso, Jean-Ricner Bellegarde, meio-campista titular do Wolverhampton, é outro destaque do Haiti. O haitiano soma 16 partidas pelo clube inglês na temporada, sendo dez desde o início.

Haitianos comemoraram muito a vaga na Copa do Mundo após 52 anos

Clarens SIFFROY / AFP

Classificação emocionante

Para garantir a vaga na Copa do Mundo pela primeira vez desde 1974, os heróis do Haiti foram submetidos a fortes emoções até os momentos finais. Apesar de terem vencido a Nicarágua por 2 a 0 na última rodada, a seleção ainda precisava de um empate entre Honduras e Costa Rica.

Após o apito final em sua partida, os haitianos acompanharam a partida entre hondurenhos e costarriquenhos dentro de campo, através de um celular. O apito final que confirmou o empate foi repleto de emoções.

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Violência atrapalha trabalho da seleção

Para conduzir o Haiti até a classificação histórica para a Copa do Mundo, o técnico francês Sébastien Migné teve que se superar em diferentes aspectos. Primeiro, porque não pôde sequer morar no país que comanda no futebol. Em 20 meses de trabalho, Migné nunca conseguiu nem viajar para o Haiti. A seleção comanda seus jogos em Curaçao.

— Normalmente moro nos países onde trabalho, mas não posso fazer isso aqui. Não há mais voos internacionais para lá — disse, em entrevista recente.

E o motivo para tal situação é a violência no Haiti. Há uma onda de crimes que perdura no território do país, com a capital Porto do Príncipe submetida ao controle de gangues. A situação é tão extrema que, nas últimas partidas das Eliminatórias da Concacaf, Migné só pôde convocar atletas que atuam fora do Haiti.

Com tudo isso, ainda que os haitianos percam os três jogos da Copa do Mundo de 2026, pode-se dizer que só a classificação ao Mundial será uma alegria para os jogadores e seu povo.