Ambientalistas analisam fala de Lula na ONU, com 'menos de três minutos' sobre o tema: 'Correto, não mais do que isso'

 

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O Observatório do Clima (OC) analisou como “correta”, mas “não mais do que isso” a abordagem sobre meio ambiente no pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da 80ª Assembleia da ONU, em Nova York, nesta terça-feira. A rede de entidades ambientalistas destacou que o petista dedicou menos de três minutos dos mais de 18 do seu discurso, entretanto, afirma que o cenário era esperado diante da urgência de outras pautas quentes, como o tarifaço americano e a discussão sobre a regulação das redes sociais.

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Segundo o observatório, o presidente foi correto ao cobrar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), as metas dos países de reduções de gases de efeito estufa que deverão ser apresentadas na quarta-feira, ao ressaltar o combate ao desmatamento no Brasil e ao voltar a abordar a criação de um conselho de Mudança Climática na ONU.

As entidades apontam que a criação do conselho é uma proposta com a qual o Brasil “vinha flertando e da qual deixou de falar há alguns meses após críticas de que isso só aumentava a confusão em torno da estratégia brasileira de condução da COP30”.

“Embora haja zero clareza sobre como o tal conselho poderia funcionar, a ideia do governo brasileiro é levar debates políticos difíceis, como a transição para longe dos combustíveis fósseis, para decisões por voto, contornando a regra do consenso que impede a UNFCCC (a Convenção do Clima da ONU) de entregar uma implementação adequada do Acordo de Paris”, diz a nota.

Silenciamento sobre combustíveis fósseis

O Observatório do Clima também aponta um silenciamento do presidente sobre a pauta do combate aos combustíveis fósseis. Mas, ressalta que “talvez tenha sido melhor assim, já que o presidente andou tecendo loas ao petróleo em entrevistas recentes após ter apontado nos últimos anos a necessidade de uma transição energética”.

“Quem estava esperando um discurso do grande líder climático do Sul Global que arrancou aplausos do mundo em 2022 na COP27, no Egito, pode ter se frustrado: a fala de Lula não foi a de um anfitrião de uma conferência do clima decisiva para garantir um futuro seguro para a humanidade. Porém, o mundo e o Brasil de 2025 tampouco são os de novembro de 2022. A COP30 precisará triunfar num ambiente político e geopolítico muito desfavorável, e esse climão fica evidente em tudo que Lula disse e principalmente no que não disse”, conclui o posicionamento das entidades.

Ainda nesta terça-feira, Lula presidirá um evento de alto nível organizado pelo Brasil para promover o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa global que será lançada em Belém, com o objetivo de oferecer financiamento permanente e em larga escala para a conservação das florestas tropicais.

O líder brasileiro também co-presidirá dois eventos na quarta-feira: a segunda edição do evento "Em defesa da democracia: lutando contra o extremismo", que visa promover um debater entre líderes sobre fortalecimento das instituições democráticas, e um evento especial sobre Ação Climática e COP 30, organizado por Guterres para mobilização de Estados-membros e apresentação de novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) rumo à COP30, em Belém.