
Altitude, experiência e qualidade: o que Racing e LDU, carrascos de brasileiros, oferecem de perigo a Flamengo e Palmeiras

Flamengo e Palmeiras foram os dois brasileiros que resistiram ao funil de uma edição de Libertadores bastante competitiva e garantiram suas vagas na semifinal. Agora, a dupla, que busca o tetracampeonato da competição, encara duas pedreiras que chegaram até esta fase deixando brasileiros pelo caminho: o Racing, da Argentina, e a LDU, do Equador.
Os argentinos, que eliminaram o Vélez Sarsfield nas quartas, aprontaram duas vezes para cima do Fortaleza na fase de grupos: 3 a 0 na Arena Castelão e 1 a 0 no Cilindro de Avellaneda. No inÃcio do ano, já haviam vencido, também em casa e fora, o Botafogo na disputa pela Recopa. Competição para a qual se classificaram numa Sul-Americana de 2024 vencida sobre o Cruzeiro e deixando Corinthians e Athletico pelo caminho. Já os equatorianos despacharam o mesmo Botafogo campeão da América e o São Paulo no mata-mata desta edição da Libertadores.
Da perspectiva brasileira, os perigos são distintos. No caso do Flamengo, o rival é uma equipe que se defende de forma parecida com o problemático Estudiantes, com um pouco mais de pegada pelo meio. E que é bem mais cascuda e farta em qualidade ofensiva que o time de La Plata.
O Racing tem o segundo melhor ataque da competição, com 19 gols, sete a menos que o Palmeiras. Também é o segundo time que mais cria grandes chances: 30, quatro a menos que o mesmo alviverde.
É uma equipe fÃsica, caracterÃstica personificada no volante-zagueiro Santiago Sosa, um dos maiores ladrões de bola do futebol argentino. O atacante Adrián "Maravilha" MartÃnez divide a artilharia com Flaco López (Palmeiras), com sete gols. Um jogador versátil, capaz de concluir a gol com pouquÃssimo espaço. Perfeito para ser alimentado nos contra-ataques com toques longos e rápidos de um meio com Nardoni e Almendra e um setor ofensivo iniciado por Solari.
Com a decisão na Argentina, o rubro-negro não pode se dar ao luxo de não construir um bom placar no jogo de ida, no Maracanã. El Cilindro só viu o Racing sofrer três gols em casa nesta Libertadores: dois em zebra do Bucaramanga-COL, que venceu por 2 a 1 na fase de grupos — na única derrota dos argentinos na competição —, e um do Penarol-URU, que perdeu por 3 a 1 o jogo de volta das oitavas de final.
LDU: altitude, experiência e fator brasileiro
No caso do Palmeiras, o provável fator que vem primeiro à cabeça do torcedor quando se fala em LDU é a altitude de Quito. E de fato, jogar nos pouco mais de 2.800 metros acima do nÃvel do mar da capital equatoriana é algo a não se subestimar.
O Flamengo foi o único time a sair ileso (0 a 0 na fase de grupos) jogando no Casa Blanca, mas até aqui, o time de Quito segue sem sofrer gols em casa na Libertadores. Por lá, fez dois no Botafogo (virando a vantagem alvinegra do jogo de ida) e mais dois no São Paulo, somando aos cinco marcados na fase de grupos em geral.
É um time que se aproveita bem das condições e investe no que elas oferecem de melhor: bolas alçadas na área, passes longos, tabelas rápidas e a capacidade pulmonar de subir as linhas de marcação.
É o quinto melhor ataque da competição, com 13 gols. Mas só balançou as redes fora de casa contra o frágil Deportivo Táchira-VEN na fase de grupos e uma vez contra o São Paulo, no mata-mata. Para o alviverde, a possibilidade de decidir no Allianz Parque vale muito.
A LDU é treinada, desde junho, por um velho conhecido do futebol brasileiro: Tiago Nunes. O treinador de 45 anos tem experimentado treinar equipes dos vizinhos continentais e já passou por Sporting Cristal-PER e Universidad Católica-CHI. Ou seja, no banco adversário, há alguém que sabe como times brasileiros encaram a Libertadores e como os rivais estrangeiros desses times os abordam.
Ainda que tenha perdido seu artilheiro na competição, Alex Arce (4 gols), na última janela, o setor ofensivo da LDU não é de se subestimar. O criativo meia-atacante Bryan RamÃrez e o perigoso atacante Azulgaray deram muito trabalho a Botafogo e São Paulo.