Achado por acaso: mulher encontra tesouro com mais de 2 mil moedas medievais durante caminhada na República Tcheca
O que alguém faria ao tropeçar, por acaso, em um tesouro enterrado há quase nove séculos? Foi assim que uma simples caminhada se transformou em uma descoberta arqueológica excepcional na região de Kutná Hora, na República Tcheca. Durante o passeio, uma mulher encontrou um pote de cerâmica enterrado que guardava mais de 2.150 moedas medievais de prata, conhecidas como denários, com cerca de 900 anos de idade.
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Segundo a Fox News, embora o recipiente tenha sido praticamente destruído pela ação do tempo, as moedas surpreenderam os especialistas pelo bom estado de conservação. Segundo arqueólogos, o conjunto figura entre as coleções mais relevantes descobertas na última década. O material foi encaminhado para análise ao Instituto de Arqueologia da Academia de Ciências da República Tcheca, em Praga, e ao Museu da Prata Tcheca, em Kutná Hora. O caso aconteceu em maio do ano passado.
Para o arqueólogo Filip Velímský, do instituto, o achado pode ser comparado a um prêmio de loteria — ainda que, no passado, represente a perda de alguém. “Provavelmente, esse tesouro foi escondido no primeiro quarto do século 12, um período de grande instabilidade política interna”, afirmou o pesquisador.
Um tesouro em tempos de guerra
Naquele período, disputas entre membros da dinastia Přemysl pelo trono principesco de Praga provocavam conflitos frequentes no território. Enterrar moedas em recipientes de cerâmica era uma prática comum para proteger bens em tempos de guerra ou incerteza, estratégia que, neste caso, funcionou — ainda que o proprietário jamais tenha retornado para recuperar a fortuna.
De acordo com os especialistas, o valor do conjunto era extraordinário para a época. “Não temos dados precisos sobre o poder de compra das moedas na virada dos séculos 11 e 12, mas era uma quantia enorme, completamente fora do alcance de uma pessoa comum”, disse Velímský, comparando o montante a um prêmio milionário nos dias atuais.
A localização também ajuda a explicar o enterro do tesouro. Kutná Hora era uma área estratégica, frequentemente atravessada por exércitos rivais que disputavam o controle de Praga. Por isso, os arqueólogos avaliam que as moedas poderiam ter sido destinadas ao pagamento de soldados ou até mesmo representar um espólio de guerra.
As análises iniciais indicam que os denários foram cunhados entre 1085 e 1107, durante os governos do rei Vratislav II e dos príncipes Břetislav II e Bořivoje II, todos da dinastia Přemysl. Segundo Lenka Mazačová, diretora do Museu da Prata Tcheca, a maior parte das moedas deve ter sido produzida na Casa da Moeda de Praga, a partir de prata importada para a Boêmia.
Atualmente, o museu trabalha no registro completo do acervo, além da limpeza, restauração e exames por raio-X e espectrometria, que devem ajudar a identificar a composição exata do metal e a origem da prata. A expectativa é que o tesouro seja apresentado ao público em 2025, oferecendo um raro retrato da história tcheca no século 12.
