Acareação no caso Banco Master dura 20 minutos e não encerra investigação

 

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A acareação entre o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, não encerrou a apuração sobre supostas fraudes envolvendo a negociação da instituição financeira. Segundo fontes com acesso ao processo, novos depoimentos ainda podem ser realizados.

O procedimento, que durou cerca de 20 minutos, foi determinado pela delegada responsável pelo caso após ouvir separadamente os dois investigados. A decisão pela acareação ocorreu diante de divergências identificadas nos relatos prestados anteriormente. Antes disso, Vorcaro e Costa haviam sido interrogados por aproximadamente duas horas e meia cada um.

A defesa de Paulo Henrique Costa, no entanto, negou que tenha havido contradições. Em nota, o advogado Cleber Lopes afirmou que as diferenças se limitaram a percepções distintas sobre os mesmos fatos e que a acareação foi suficiente para esclarecer esses pontos.

Durante os depoimentos, o ex-presidente do BRB voltou a afirmar que sua atuação à frente do banco foi estritamente técnica, baseada em decisões colegiadas e dentro da legalidade. Já Daniel Vorcaro reiterou que a decretação da liquidação do Banco Master foi uma surpresa e sustentou que a suposta fraude apontada pela Polícia Federal não causou prejuízos ao BRB.

Questionado pela Polícia Federal, Vorcaro também contestou os argumentos do Banco Central de que o Banco Master não teria condições de honrar seus compromissos financeiros. Ele afirmou que apresentou, na véspera da decisão da autoridade monetária, uma proposta de venda da instituição a um consórcio de investidores estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos.

Investigadores, no entanto, afirmam que ainda há pontos sensíveis a serem esclarecidos. Segundo a apuração, não está descartada a adoção de novos procedimentos para aprofundar a investigação sobre as fraudes apontadas ao longo do ano.

O Banco Central decretou, por unanimidade, a liquidação do Banco Master sob o argumento de que a instituição não tinha mais condições de honrar seus compromissos e poderia deixar prejuízos a credores. A decisão ocorreu no mesmo dia em que Daniel Vorcaro foi preso pela Polícia Federal. À época, investigadores levantaram a suspeita de que o empresário poderia tentar deixar o país.

Além da investigação criminal, o caso também será analisado pelo Tribunal de Contas da União. O TCU vai avaliar se o Banco Central apresentou fundamentos técnicos e jurídicos adequados para decretar a liquidação, se considerou alternativas menos gravosas e se houve divergências internas durante o processo decisório.

O ministro Dias Toffoli, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, ainda pode determinar novos procedimentos no âmbito da investigação, que deve seguir em andamento ao longo de 2026.