5 erros de filmes e séries sobre o Egito Antigo repetidos pelo cinema até hoje

 

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Da egiptomania do século XIX à série de filmes A Múmia, o Egito Antigo está presente de maneira muito clara na cultura popular, produzindo livros, séries e filmes sobre o tema de forma bastante prolífica nas últimas décadas. A visão que temos da civilização egípcia acabou sendo moldada por essas mídias, mas será que ela é precisa historicamente? Licença poética? 5 erros históricos eternizados em filmes e séries sobre vikings 8 erros históricos de filmes e séries sobre o Império Romano para não repetir Nesta lista, o Canaltech trouxe alguns dos principais problemas enfrentados pelas adaptações da história e cultura egípcia, desde anacronismos — pessoas, objetos e lugares representados fora do tempo em que existiram de verdade — a deslizes mais sensíveis sobre o povo do Egito e seus costumes. Confira, a seguir, 5 erros dos mais comuns nas séries e filmes sobre o Egito Antigo. 1. Aparência dos Egípcios Para começar com um dos mais polêmicos, vamos falar sobre a aparência dos egípcios antigos. Filmes como Deuses do Egito (2016) e Cleópatra (1963) trazem atores e atrizes europeus para interpretar faraós e pessoas comuns da região. O Egito fica na África, e, portanto, a maioria das pessoas do Egito Antigo seria parda ou preta, especialmente na dinastia Núbia. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Cleópatra, filme de 1963, trazia Elizabeth Taylor como a monarca egípcia — na realidade, ela teria sido miscigenada, provavelmente parda (Imagem: Divulgação/20th Century Fox) O nome do país era, originalmente, Kemet, traduzido como “terra negra” ou “terra dos negros”. A própria Cleópatra, mesmo tendo sido parte da dinastia Ptolemaica (descendente de gregos macedônios), provavelmente era bastante miscigenada. Parte do imaginário egípcio como branco vem de ideias retrógradas de que uma grande civilização do passado não poderia ter construído pirâmides e conquistado muito do mundo conhecido se não fossem das consideradas “raças puras”, o que é, claro, absurdo. 2. Armadilhas e maldições Quando pensamos em múmias e tumbas do Egito Antigo, é quase automático: o que vem à mente são cenas como do filme A Múmia (1999) onde exploradores abrem câmaras e são atingidos por armadilhas ou maldições. As tumbas, na realidade, não eram equipadas com esse tipo de mecanismo, embora tivessem corredores falsos levando a becos sem saída para enganar saqueadores. Mortes atribuídas a maldições após o achado de Howard Carter (1922) foram tiradas de contexto e exageradas pela mídia. No filme A Múmia, de Brendan Fraser, armadilhas e maldições acometem os exploradores de túmulos — isso não aconteceu, e, na vida real, havia no máximo túneis feitos para enganar invasores (Imagem: Universal Pictures) As pirâmides, por sinal, não eram exatamente túmulos, mas eram, de fato, construídas sobre os túmulos de reis, faraós e grandes nomes da política da época, servindo como um tributo e um sinal de sua grandeza. Os bens e decorações enterrados nas tumbas eram usados para ajudar na vida após à morte. 3. Faraós e reinados O termo Faraó só começou a ser usado no século XV a.C. — Quéops, o rei egípcio que ergueu uma das maiores pirâmides do país, viveu no século XVI a.C., quando o termo só queria dizer “grande casa”. Qualquer filme que se passe antes do Novo Reino do Egito e tenha o termo Faraó como sinônimo de rei é impreciso. No filme A Múmia (1999), um erro cronológico está na personagem de Ankhesenamon — filha do faraó Aquenáton e da rainha Nefertiti, ela foi esposa de Tutancâmon, da 18ª dinastia. O faraó do filme, Seti I, é da 19ª dinastia, com pelo menos 100 anos de diferença, o que impossibilitaria que sequer tivessem se conhecido, bem como o caso dela com o vizir Imhotep. Faraós só surgiram no Novo Reino no Egito, a partir do século XVI a.C. — antes disso, havia apenas reis no local (Imagem: Unsplash/Jeremy Bezanger) Outro desses erros está no filme O Escorpião Rei (2002), onde aparecem cavalos. O animal só surgiu no Egito em cerca de 1700 a.C., enquanto o reinado do verdadeiro rei Escorpião I data de 3250 a.C. 4. Construtores escravos Em filmes como Os Dez Mandamentos, de 1956, a construção das pirâmides, além de estar deslocada no tempo, é mostrada através do abuso de pessoas escravizadas. Evidências históricas, no entanto, mostram que os monumentos foram, na verdade, construídos por trabalhadores bem pagos com comida, cerveja e salários. Seus túmulos foram localizados na necrópole adjacente às pirâmides, e, segundo a cultura da época, teria sido uma honra participar da construção de monumentos em honra a reis e deuses, cujo papel se misturava. Pouco se sabe sobre os métodos pelos quais as pirâmides foram levantadas, mas sabemos que seus construtores eram habilidosos e valorizados. As pirâmides foram construídas por trabalhadores muito bem pagos há cerca de 5.000 anos — no tempo de Cleópatra, do século I a.C., elas já eram antiquíssimas, sendo que estamos mais perto dela historicamente do que ela da construção dos monumentos (Imagem: Ahmed ashraf/Unsplash) 5. Pirâmides fora do tempo Quando eventos muito antigos são representados em filmes, é fácil que pessoas e situações fiquem fora de lugar. Um exemplo é a construção das pirâmides: elas começaram a ser erguidas há cerca de 5.000 anos, então, na época em que Moisés estava na região (cerca de 1200 a.C.), elas já eram milenares. Isso quer dizer que os filmes Êxodo: Deuses e Reis (2014) e Os Dez Mandamentos (1956) são bastante imprecisos historicamente — seria o equivalente a mostrar Paris, na Era Medieval, com a Torre Eiffel sendo construída. Confira também: Perfume de Cleópatra é recriado por cientistas — e o cheiro é picante Múmia mais antiga do que se imaginava pode mudar os rumos da história egípcia Não é o Egito... Qual é o país com mais pirâmides construídas em todo o mundo? VÍDEO | Passagem para o submundo zapoteca   Leia a matéria no Canaltech.