130 anos do Flamengo: título carioca de 1914 foi a primeira de muitas glórias do rubro-negro

 

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Foram mais de 16 anos em que o Clube de Regatas do Flamengo seguiu seu nome à risca e disputou apenas competições nas águas. Mas, em um país que começava a abraçar a paixão pela bola redonda, passava a hora de dar o pontapé inicial nos gramados. Isso foi possível pela dissidência de jogadores do Fluminense, liderados por Alberto Borgerth, que criaram o Departamento de Esportes Terrestres no final de 1911.

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O futebol rubro-negro começou dando indícios das grandezas que viriam a partir dali. No dia 3 de maio de 1912, adentrou o gramado da Rua Campos Salles, pertencente ao America, o primeiro escrete que usou o uniforme papagaio de vintém. E, ao vestir rubro-negro, não teve para ninguém: goleada de 15 a 2 sobre o Mangueira, time formado pelos trabalhadores da fábrica homônima, na estreia do Campeonato Carioca.

O time era composto por: Baena, Píndaro e Nery, Coriol, Gilberto e Galo, Baiano, Arnaldo e Amarante, Gustavo de Carvalho e Borghert. No primeiro minuto de jogo, o ponta-direita Gustavo fez o rubro-negro desencantar as redes.

Tamanha demonstração de força não se refletiu no resultado final daquele Carioca, conquistado pelo extinto Paissandu. Tampouco no ano seguinte, quando o America venceu seu primeiro Carioca. Àquela altura, o Flamengo já havia substituído a camisa em formato “xadrez” por uma com listras horizontais em vermelho, preto e branco, chamada cobra coral.

Coincidência ou não, a primeira glória do futebol do clube veio em 1914, quando deixou os dois vices para trás e conquistou o título carioca. Curiosamente, em 15 de novembro, o dia de seu aniversário, com uma rodada de antecedência, ao bater o Fluminense por 2 a 1, em General Severiano. Os gols foram de Borgerth e Riemer, artilheiro daquela conquista, com nove.

Escudo social do Flamengo criado em 1920

Arte/Andre Mello

Nova cara: hino, campo e escudo

O Flamengo emendou o bicampeonato carioca em 1915, com uma goleada por 5 a 1 sobre o Bangu, no campo da Rua Paissandu. O estádio cedido pela tradicional família Guinle, ligada ao Fluminense, acompanhou o clube em quase toda a era amadora e foi inaugurado de maneira provisória exatamente para aquela partida.

Os feitos do rubro-negro nos gramados aumentaram a popularidade entre os torcedores e o próprio respeito interno. Tanto que, em 1916, o remo passou a permitir que o time de futebol utilizasse o mesmo uniforme usado nas águas, apenas com listras nas cores vermelhas e pretas.

No período seguinte a esses episódios, o Flamengo não manteve a hegemonia no futebol, mas se consolidou como um clube poliesportivo, com títulos em outras modalidades como o basquete e o atletismo. O terceiro título carioca foi conquistado em 1920, ano marcado por mais alguns episódios simbólicos.

Em 14 de novembro, antes de um jogo contra o Palmeiras (RJ), foi executado pela primeira vez o hino do clube, conhecido pela letra “Tua glória é lutar”, de autoria de Paulo de Magalhães. Se faltava algo para um clube que era representado pelo escudo de esportes náuticos, um grupo de associados aprovou em assembleia, no dia 23 de dezembro, o escudo social. A partir de 1921, o Flamengo passou, então, a usar em sua camisa o símbolo que ainda é a base do escudo atual.

Campo da Rua Paissandu foi a primeira casa do Flamengo

Arte/Andre Mello

Paissandu à Lagoa

O campo da Rua Paissandu não durou muito tempo para o Flamengo, que também foi campeão carioca em 1921, 1925 e 1927. Porém, desde 1926, a família Guinle manifestou que queria retomar o terreno, caso o clube não quisesse comprá-lo. Como não era o caso e nem havia dinheiro para tal, restou ir atrás de outro lugar na cidade.

No dia 2 de março, a Prefeitura cedeu um terreno de 34 mil metros quadrados à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, à época uma região pantanosa e considerada um “fim de mundo”. Seria ali que o rubro-negro levantaria a atual sede da Gávea e seu estádio.

A oficialização do local seria mais “presente de aniversário” na história do Flamengo. Em 14 de novembro de 1931, no decreto municipal 3.686, o clube recebeu o terreno da Lagoa. No local, também construiu seu primeiro estádio de futebol, com cercas de madeira.

O campo da Paissandu ainda foi utilizado por mais algum tempo, até o dia 25 de setembro de 1932, quando o rubro-negro se despediu com uma goleada por 5 a 0 sobre o Sport Club Brasil, uma equipe do bairro da Urca. Então, em dezembro do ano seguinte, o presidente José Bastos Padilha conseguiu a autorização para construir um estádio de 6 mil lugares na Gávea — hoje, recebe seu nome. O Flamengo iniciou a era do profissionalismo com nova estrutura.