130 anos do Flamengo: rubro-negro coleciona ídolos e títulos no remo, basquete, vôlei, ginástica...
O Flamengo completou 130 anos de história sendo muito mais do que o departamento de futebol. Nascido nas regatas no final do século 19, o clube é uma das maiores agremiações poliesportivas do Brasil, e acumula glórias que começaram pelas águas, mas se estenderam para os mais diversos esportes olímpicos, os principais deles a ginástica, o vôlei e o basquete.
Na bola laranja, grande parte da torcida rubro-negra encontrou sua segunda paixão. Inclusive, a emoção pelo 11º título do Campeonato Carioca, em 1955 — a quinta de uma sequência de dez conquistas —, com uma cesta no último segundo, foi tão forte que fez o presidente Gilberto Cardoso sofrer um infarto e morrer.
Este é um episódio icônico de uma história que teve como ápice os dois títulos mundiais, faturados em 2014 e 2022. No primeiro, o Flamengo derrotou o Maccabi Tel-Aviv, de Israel, na final do torneio disputado no Rio de Janeiro. Oito anos depois, o rubro-negro repetiu o feito no Egito, ganhando do San Pablo Burgos, da Espanha, na decisão.
Personagem comum em ambas foi o Olivinha, que atuou como ala-pivô e se tornou um dos maiores ícones do Flamengo, apelidado de “Deus da Raça” tal qual o ex-zagueiro Rondinelli. Oscar Schmidt, Marcelinho Machado e Marquinhos são outros ídolos que fazem parte de uma história que ainda tem ostenta três títulos continentais (Liga das Américas de 2014 e Champions League das Américas de 2021 e 2025), uma Liga Sul-Americana (2009), oito Brasileiros (entre o NBB e o formato antigo) e 49 Estaduais.
Leila e Virna foram campeãs pelo Flamengo na temporada 2000/2001 da Superliga de vôlei
Hipólito Pereira/16.10.2000
Ainda nas quadras, o rubro-negro tem longo lastro de conquistas no vôlei feminino. O título sul-americano de 1981, mesmo ano em que o time de futebol venceu a primeira Libertadores, é o principal de uma história que conta com 29 cariocas e três brasileiros: 1978, 1980 e 2001. O último deles foi definido em uma final de Superliga contra o Vasco, sob a liderança de Virna e Leila. O masculino não tem o mesmo sucesso, mas já faturou 19 cariocas.
Rebeca entra para a história da ginástica
Maior medalhista olímpica da História do esporte brasileiro, com as seis honrarias (dois ouros, três pratas e um bronze) conquistadas entre Tóquio-2020 e Paris-2024, Rebeca Andrade é ginasta do Flamengo. O clube conta com vasta estrutura na modalidade e também teve quatro das cinco atletas que compuseram a equipe que foi medalha de bronze na última edição dos Jogos.
Além de Rebeca, Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira alcançaram a conquista para o Brasil sendo atletas rubro-negras — apenas Júlia Soares pertencia a outro clube.
Ginasta Rebeca Andrade, dona de seis medalhas olímpicas, é atleta do Flamengo
Gilvan de Souza/Flamengo/Divulgação
A ginástica foi introduzida no Flamengo em 1950, pela professora austríaca Sabina Graetzer, e teve como primeira grande atleta Luzia Lopes Pessoa, que acumulou vários títulos nos anos 1970.
Porém, foi a partir dos anos 1980 que a modalidade ganhou mais fôlego, principalmente pelo trabalho da técnica Georgette Vidor. Sob seu comando, Luísa Parente se tornou a maior ginasta da época no Brasil, tendo participado dos Jogos de Seul-1988 e Barcelona-1992, e vencido duas medalhas nos Jogos Pan-Americano de Havana-1991.
Acidente há quase 30 anos
A ginástica sofreu um baque em 1997, quando um ônibus que levava a equipe para competir em Curitiba se envolveu em um acidente com um caminhão. Seis pessoas morreram e 14 ficaram feridas, entre elas Georgette, que ficou paraplégica, e a ginasta Úrsula Flores — irmã do ex-jogador e atual comentarista Roger Flores —, que precisou abandonar a carreira.
Outra envolvida no episódio foi Daniele Hypólito, que seguiu em frente e se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha em um Mundial, em Gent, na Bélgica, em 2001. Junto do irmão Diego Hypólito e Jade Barbosa, comandou a geração seguinte, todos com medalhas em Mundiais e Pan.
Atleta e presidente
Jade é uma atual veterana na equipe que tem Rebeca e Flavinha como referências. Ambas também faturaram medalhas em Mundiais e etapas de Copa do Mundo. Em Brasileiros, considerando torneios adultos masculino e feminino, são 47 ouros, 35 pratas e 25 bronzes.
Na natação, Patrícia Amorim, presidente do clube entre 2010 e 2012, também foi atleta rubro-negra da natação. Ela disputou os Jogos Olímpicos de Seul-1988.
Esporte fundador, remo domina títulos estaduais
O remo, esporte que motivou seis jovens a fundarem o Flamengo em novembro de 1895, carrega até hoje alguns traços de glórias do esporte que era a grande moda no Rio de Janeiro do final do século 19. Nas águas, o grande nome atual do clube é Isaquias Queiroz, medalhista da canoagem nas últimas três Olimpíadas.
Quando fechou com o rubro-negro, no início de 2019, o baiano já havia feito história, ao se tornar o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição olímpica. Nos Jogos do Rio, em 2016, ele faturou duas pratas e um bronze.
Já atleta do Flamengo, chegou ao ápice com um ouro em Tóquio-2020, e ainda aumentou seu legado ao conquistar nova prata na edição seguinte, Paris-2024.
O canoísta Isaquias Queiroz é atleta do Flamengo
Marcelo Cortes/Flamengo/Divulgação
Isaquias é o atual ídolo nas águas e dá sequência a uma linhagem que se iniciou com o remador Arnaldo Voigt, talvez o primeiro grande nome da história do Flamengo. Ele defendeu o clube entre o final dos anos 1910 e o início dos anos 1920.
A primeira taça do clube no remo foi a Jarra Tropon, conquistada em 1900, na regata do IV Centenário do Descobrimento do Brasil, nas águas da enseada da Glória.
O rubro-negro disputa Campeonatos Cariocas desde 1898 e é o maior campeão estadual, com 52 títulos. Além disso, a modalidade detém 24 Brasileiros (considerando conquistas no Troféu Brasil, no Troféu Brasil de Barcos Leves e no Campeonato Brasileiro unificado).
A época mais vitoriosa foi a chamada “Era Buck”, o treinador que chegou em 1963 e fez o Flamengo vencer 31 dos 35 Cariocas que disputou. Ele revolucionou as instalações da modalidade e também chegou a treinar a seleção brasileira de remo.
O "quatro com" do Flamengo, vencedor da clássica H. Dodsworth, na Lagoa Rodrigo de Freitas
Arquivo O Globo
