130 anos do Flamengo: ‘Agora eu sou Mengão’ com Ronaldinho Gaúcho
O hexacampeonato brasileiro de 2009 não pôs fim às eternas crises na Gávea e ao endividamento crescente do Flamengo. Mas a segunda década do novo milênio deu início à grande virada do rubro-negro que se tornaria um dos times hegemônicos dos país nos anos seguintes. Entre altos e baixos, derrotas doloridas, contratações fracassadas e títulos polêmicos, um capítulo, ainda que fugaz, merece destaque: a chegada de Ronaldinho Gaúcho para vestir o manto sagrado.
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Após disputa com Palmeiras e Grêmio — que preparou uma festa para receber de volta a cria da base gremista —, Ronaldinho foi apresentado em janeiro de 2011 em uma festa na Gávea que parou a Zona Sul do Rio. Mais de 20 mil pessoas participaram da celebração, com a presença de jogadores e artistas, e ouviram a célebre frase de R10: “Agora eu sou Mengão!”.
Longe do auge vivido no Barcelona, que lhe valeu dois prêmios de melhor do mundo, Ronaldinho teve uma passagem irregular no rubro-negro. Em pouco mais de um ano no Flamengo, ele marcou 28 gols em 74 partidas. E deixou o clube apenas com o título carioca de 2011, conquistado após o time vencer as Taças Guanabara e Rio.
O Bruxo, no entanto, não passaria pela Gávea sem deixar seu toque de magia. Ronaldinho protagonizou um dos jogos mais emblemáticos da história do Brasileirão.
Festa da torcida do Flamengo na Gávea durante apresentação de Ronaldinho Gaúcho
Pablo Jacob/12.01.2011
Na casa de Pelé, ele marcou três gols na vitória sobre o Santos, do moleque Neymar, por 5 a 4, na Vila Belmiro, em julho de 2011. A grandeza do jogo não se reflete apenas pelo hat-trick de Ronaldinho. Mas como o resultado foi construído.
Os santistas abriram 3 a 0, incluindo um golaço de Neymar, que ganharia o prêmio Puskas. Ronaldinho, Thiago Neves e Deivid igualaram ainda no primeiro tempo. Neymar fez o quarto. Mas a mágica aconteceu: R10 empatou em cobrança de falta genial por baixo da barreira, e fez o quinto para eternizar aquela partida.
O desgaste pelas más atuações e atrasos nos salários fizeram o jogador rescindir com o clube na Justiça em maio de 2012.
Ficou só o tal ‘cheirinho’ no caminho do Flamengo
Os ajustes financeiros propostos pela nova diretoria tiveram seu preço. Para equacionar a enorme dívida do Flamengo, contratações bombásticas como a de Ronaldinho Gaúcho não poderiam fazer parte dos planos.
Ano a ano, com o aumento das receitas e redução das dívidas, a diretoria buscou nomes fortes, mas longe das cifras atuais. Caso do meio-campo Diego, repatriado da Turquia para ser o comandante desse novo Flamengo. E contava com seus craques caseiros, como a jovem promessa Vinicius Junior.
Porém, aqueles primeiros anos ficaram marcados pelo “cheirinho” dos títulos que pareciam ser favas contadas, mas que deixou um aroma azedo na Gávea.
Com Vini Jr. no time, Flamengo é vice da Copa Sul-America de 2017 em pleno Maracanã
Márcio Alves/13.12.2017
Em 2016, com Diego no comando, o hepta brasileiro quase foi um sonho realizado. O time liderou o campeonato, mas, na reta final, perdeu pontos importantes no Maracanã e terminou na terceira colocação — classificação garantida na Libertadores, mas sensação amarga de derrota.
O ano seguinte foi ainda pior. Era fato que a reestruturação do clube era o caminho a ser seguido. Com Diego, Everton Ribeiro, Réver, Juan, Arão, Vini, Paquetá, entre outros, o Flamengo entrava nas competições com status de favorito. E assim chegou às finais da Copa do Brasil contra o Cruzeiro e da Sul-Americana diante do Independiente-ARG. Perdeu ambas: a primeira na disputa de pênaltis no Mineirão, em que o goleiro Alex Roberto buscou apenas um lado e Diego desperdiçou sua cobrança; a segunda no Maracanã após empatar por 1 a 1 para frustração da torcida.
Um aperitivo até voltar a ser protagonista
Até equilibrar as contas e ser capaz de trazer jogadores importantes da Europa para disputar o principal título do continente com frequência e buscar o mundo, o Flamengo teve conquistas caseiras para chamar de sua. Em 2013, rubro-negro conquistou o tricampeonato da Copa do Brasil com o time liderado pelo meio-campo Elias e o atacante Hernane “Brocador”.
O título começou a tomar forma nas oitavas de final. O rubro-negro desbancou o Cruzeiro, líder do Brasileiro, com um gol de Elias aos 42 minutos do segundo tempo.
Embalado, o time eliminou o Botafogo, com três gols de Hernane, venceu o Goiás nas semifinais e bateu o Athletico, no Maracanã, por 2 a 0 na grande decisão.
O zagueiro Réver levanta o troféu de campeão carioca de 2017 do Flamengo
Alexandre Cassiano/07.05.2017
Antes de ganhar o continente novamente, a torcida viu o Flamengo levantar taças regionais. Em 2014, com gol de Márcio Araújo, impedido, no fim do jogo contra o Vasco. Após a conquista, o goleiro Felipe entrou na onda da torcida e declarou: “Roubado é mais gostoso”.
Já com algum esboço do time que iria conquistar a América em 2019 — e depois 2022 —, o rubro-negro venceu o Carioca de 2017 de forma invicta sobre o Fluminense. A equipe de Zé Ricardo bateu o tricolor com gols de Guerrero e Rodinei.
