130 anos do Flamengo: a alegria de ser rubro-negro com uma geração multicampeã
É cedo para cravar o lugar do atual elenco na História do Flamengo, mas o clube constrói desde 2019 o que já pode ser considerada sua segunda geração de ouro. Após viver anos de reestruturação e até bater na trave em algumas oportunidades, o rubro-negro encontrou a fórmula do sucesso a partir da chegada do técnico português Jorge Jesus e de jogadores como Gabigol, Arrascaeta, Bruno Henrique e Filipe Luís — atualmente treinador. Naquela temporada, eles se juntaram a um grupo que já tinha Everton Ribeiro, Diego Ribas e Diego Alves.
EXTRA faz especial sobre o Flamengo e a paixão rubro-negra
Todos eles foram responsáveis por encerrar os 38 anos de jejum na Libertadores em um capítulo épico em Lima, no Peru. Na primeira final única da história do torneio, o Flamengo derrotou o River Plate por 2 a 1. Os gols da virada foram marcados por Gabigol, após os 40 minutos do segundo tempo, e fizeram cada torcedor viver aquela que talvez tenha sido a maior catarse da vida.
O jogo aconteceu em um sábado, dia 23 de novembro, assim como em 1981. No domingo, o rubro-negro ainda viu ser confirmado seu heptacampeonato brasileiro. A campanha impecável de 90 pontos é o recorde de um campeão na era dos pontos corridos com 20 clubes.
O Mister chegou em junho de 2019 e se despediu em julho de 2020, voltando a Portugal em meio à pandemia do coronavírus, mas seu legado teve continuidade. Nos últimos seis anos, o Flamengo empilhou 15 taças: duas Libertadores, dois Brasileiros, duas Copas do Brasil, uma Recopa, três Supercopas do Brasil e cinco Cariocas.
O terceiro troféu continental, em 2022, veio de forma avassaladora. O Flamengo foi campeão invicto, com 12 vitórias e um empate. Na final, em Guayaquil-EQU, vitória sobre o Athletico, gol de Gabigol.
Jogadores do Flamengo levantam a taça da Copa do Brasil de 2024
Douglas Magno/AFP
O atacante, hoje no Cruzeiro, colecionou não apenas momentos eternos em campo, como todo tipo de episódio que levou a torcida do amor ao ódio. Quando saiu após a fim da temporada de 2024, como sexto artilheiro da história do Flamengo, com 161 gols em 308 jogos, já tinha garantido um lugar no olimpo das lendas rubro-negras.
O novo camisa 10 e o professor rubro-negro
Os recentes anos de glórias também foram acompanhados de decepções, como o vice da Libertadores de 2021, para o Palmeiras, e da Copa do Brasil, em 2023, para o São Paulo. Este segundo ano foi especialmente ruim para o Flamengo, que saiu de mãos vazias.
A instabilidade no cargo de técnico voltou após a saída de Jorge Jesus. Oito nomes comandaram a equipe em quatro anos, entre eles Tite, Jorge Sampaoli, Renato Gaúcho e Vítor Pereira. Os únicos que deram certo foram Rogério Ceni, campeão brasileiro em 2020, e Dorival Júnior, que faturou Libertadores e Copa do Brasil em 2022 — mas ambas as saídas foram conturbadas.
Camisa 10 do Flamengo desde o início do ano, Arrascaeta é um dos ídolos dos rubro-negros
Gilvan de Souza/Flamengo/Divulgação/01.11.2025
Hoje, porém, Filipe Luís fincou lugar à beira do gramado e vem fazendo história. O ex-lateral-esquerdo, que se aposentou em 2023, virou técnico logo depois, passando pelo sub-17 e o sub-20 rubro-negro antes de assumir a equipe profissional no fim de setembro de 2024. Já são três títulos: Copa e Supercopa do Brasil e Carioca. Mais duas taças podem entrar no currículo, o Brasileiro e a Libertadores.
Dentro de campo, Bruno Henrique e Arrascaeta se tornaram os atletas mais vitoriosos da história do clube, com 15 títulos. O time, inclusive, virou a cara do meia uruguaio, hoje dono da camisa 10 e com contrato até o fim de 2028.
Incêndio no Ninho mata dez jovens da base
O ano que serviu como ponto de partida para a retomada do protagonismo no futebol, porém, se iniciou com uma das maiores tragédias da História do Flamengo. Na madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019, um incêndio atingiu o alojamento dos atletas da base no Centro de Treinamento do Ninho do Urubu, e causou a morte de dez jogadores, com idades entre 14 e 16 anos.
A estrutura se tratava de um contêiner, com caráter provisório. Um ar-condicionado no local teria começado o fogo, que vitimou vários jovens enquanto dormiam.
Eram eles: Athila Paixão (14 anos); Arthur Vinícius (14); Bernardo Pisetta (14); Christian Esmério (15); Gedson Santos (14); Jorge Eduardo Santos (15); Pablo Henrique (14), Rykelmo de Souza (16); Samuel Thomas Rosa (15); e Vitor Isaías (15).
O local atingido pelo incêndio no Ninho do Urubu, em 2019, que matou dez atletas da base do Flamengo
Pablo Jacob/08.02.2019
Até hoje, os “Garotos do Ninho” são homenageados pela torcida na arquibancada do Maracanã, mas ninguém foi punido pelo episódio. Em outubro deste ano, o juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, absolveu os sete réus restantes no processo.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) recorreu da decisão e voltou a pedir a condenação dos acusados, em mais um episódio que aumenta a dor das famílias que perderam os seus filhos. Apenas no último mês de fevereiro, o Flamengo chegou a um acordo para indenizar a última família, do goleiro Christian Esmério.
Um dos sobreviventes da tragédia, o também goleiro Dyogo Alves, seguiu carreira e já chegou a ser relacionado em partidas do elenco principal do Flamengo.
